terça-feira, 6 de abril de 2010

orisa omolu, obaluae sapata

DIA: Segunda-feira

CORES: Preto, branco e vermelho.

SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.

ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra.

DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.

SAUDAÇÃO: Atotoó!!!

Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.

È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correcto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú!

Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé).

As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida.

Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon,que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú.

Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.

O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.

O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.

A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.

Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.

Características dos filhos de Obaluaiê/Omolú

Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum fim.

Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais optimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice.

Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planearam. Não são do tipo que levam desaforo para casa e se se sentirem ofendidos respondem no acto, não importa a quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes ambições.

Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas; são lentos, exigentes e reclamam de tudo.

São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestáveis e trabalhadores. São amigos de verdade.

Oriki Obaluaiye


Obaluayê - Com Tradução a Cada Linha
Orìsà Jìngbìnì
Orixá forte
Abàtà, Arú Bí Ewè Ajó
Abatá que floresce exuberante como as folhas da árvore ajó
Orisá Tí Nmú Omo Mú Ìyá
Orixá que pune a mãe juntamente com o filho
Bí Obaluayê Bá Mú Won Tún
Depois que Obaluaê acabar de castigá-los
O Tún Lè Sáré Lo Bábá
Ainda poderá castigar o pai
Orìsà Bí Àjé
Orixá semelhante a uma feiticeira
Obaluayê mo Ilé Osó, Ó Mo Ilé Àjé
Obaluaê conhece tanto a casa do feiticeiro como a da bruxa
O Gbá Osó L'Ójú,
Desafiou o feiticeiro
Osó Kún Fínrínfínrín
E este correu desesperado
O Pa Àjé Ku Ìkan Soso
Matou todas as bruxas permitindo que apenas uma vivesse
Orìsà Jìngbìnì
Orixá forte
Obaluayê A Mú Ni Toùn Toùn
Obaluaê, que faz as pessoas perderem a voz
Obaluayê SSí Odù Re Hàn Mí
Obaluaê, abra seu odu para mim
Kí Ndi Olówó
Para que eu seja uma pessoa próspera
Kí Ndi Olomo
Para que eu seja uma pessoa fértil.

Olubajé é um ritual para Obaluaiê e somente é feito em casas de Candomblé e por lei em casa onde tenha um Ebomí de Obaluae ou que o proprio Zelador ou Zeladora seja deste Orixá.
Olubajé É Uma Palavra Iorubana E Que Significa Olú : Aquele Que ; Ba : Aceita ; Je : Comer . Nesta coluna mostrarei algumas Cantigas que são tocadas neste ritual juntamente com suas traduções.


Olubajé

Diz uma lenda que Xango, um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio eocnvidou todos os orixás, menos Obaluae, pois suas caracteristicas de pobre e de doente assustavam o rei do trovão. No meio do grande cerimônial todos os outros orixás começaram a dar falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o por que de sua ausência, até que um deles descobriu de que ele não havia sido convidado, todos se revoltaram e abandoram a festa indo a casa de Obalaue pedir desculpas, Obalaue se recusava a perdoar àquela ofensa até que chegou a um acordo, daria uma vez por ano uma festa em todos os orixás seriam reverenciados e este ofereceria comida a todos com tanto que Xango comesse aos seus pés e ele nos pés de Xango, nascia assim a cerimônia do olubajé. Porém muitas outras vão em desencontro com essa lenda, pois narram outros motivos o porquê que Xango e Ogum não se manifestarim no Olubajé.

Aqui vou narrar um pouco o que acontece nessa cerimônia:


Nesse dia todo o barracão, casa de candomblé, se encontra ornamentada na cor desse orixá, Obaluaê, devo ressaltar que essa é a única cerimônia dentro do candomblé que dispensa o Ipade, chega a hora e o Babalorixá ou a Yalorixá faz soar o adjá, a fila indiana se forma todos descalços, panelas de barro ornamentadas com faixas todas contendo comidas de todos os orixás com exceção do orixá Xango, a frente estará a Yalorixá ou o Babalorixá seguida por uma filha de Oyá carregando uma esteira, uma outra com um pote na cabeça contendo a bebida sagrada das cerimônia chamada de Aluá, mais 1 com um vasilhame de barro cheia de Ewe Lara (folha de mamona) a qual servirá de prato para as comidas, logo em seguida mais 21 pessoas ou 7, esses são os números das comidas oferecidas, estarão com vasilhames de barro na cabeça.

É importante ressalatar que todos, como numa cerimônia de um bori, inclusive os assistentes deverão estar descalços.

Nesse momento o Zelador(a) do culto entoa para os atabaques a seguinte cantiga:


“ Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo
Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo”

Tradução:
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.


A s esteiras são estendidas e ali depositadas as comidas que logo serão servida ao povo, todos continuam dançando em volta das comidas até que o último convidados termine seu "prato". os restos são depoistados em um vasilhame também colocado, préviamente, na mesa. quando o último termina sua refeição então o Zelador (a) senta-se num apoti e todos se ajoelham e entoam a reza de Obaluae comum do seu axé ou da sua casa, a mais popular é essa:


È é é ajeniníiyá, ajeniníiyá
Àgò ajeniníiyá
Máà kà lo, ajeniníiyá,
Ajínsùn aráaye, ó ló ìjeniníiyá
E wa ká ló
Sápadà aráaye, ló ìjeniníiyá,
E wa ká ló
Ìjeniníiyá aráaye


A vós punidor, te pedimos licença, não nos leve embora.
Ele pode castigar e levar-nos embora, mandar-nos embora de volta para o outro mundo( outro, o dos mortos).
Pode castigar e levar-nos embora, castigar nos humanos.


Todos se ajoelham e um cântico em solo é ouvido de forma melodiosa e respondido pela audiência três vezes.Fora a voz humana, somente o Agogô , marca os intervalos entre cada estrofe.
A prece continua.....

Opeèré má dó péré Operé
Pássaro, símblo da vitória dos orixás do Daomé, encontrado sempre encontrado no alto da ferramenta de Ossãe) não ficará só

Ó bèré ké se
Ele começará a gritar.

Má dó há, má dó pèré
Partilhara sua comida,não ficará só

Opeèré má dó péré
Somente Operé não ficara só.

Ó bèré ké se
Ele proclamará a todos.

Má dó há, má dó pèré
Ele ficará e gritará, e não ficará só.


02

Don hòn há,
Em pé usarão barreiras contra feitiços,

Don hòn há é à,
Em pé se tornarão visíveis

Don hòn há é à,
e dividirão a sua comida

Don hòn há,
Em pé

Opèré má dó péré
Dó sú, màá dó é Operé
não ficará só

Dó sú, màá dó , Dó sú, màá dó
ficará cansado, ficará bem

Dó sú, màá má n'gbé
ficará cansado e será ajudado.

Ayò kégbe hún hún
Contende gritara, sim, sim

Ayò kégbe hún hún

........ Todos batem palmas pausadamente – paó – saudando Obaluaiê.

Logo em seguida é cantado com voz forte e cheia de entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa.

O conjunto dos participantes se levantan e cantan:

Omolú Kíí bèrú jà
Omolu não teme a briga.

Kòlòbó se a je nbo
Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço, vamos comer cultuando-o

Kòlòbó se a je nbo
Kòlòbó se a je nbo

Aráayé.
todos juntos

Nesse momento todos os vasilhmes começam a ser retirados e as pessoas que os trouxeram, novamente tomam seus lugares na fila indiana para recebê-los de volta, agora ao invés de colorem em suas cabeças, os colocam em seus ombros esquerdos, acredito eu, que no fundo seri porque o Olubajé seria o ebó das nossas casa de santo e dos nossos corpos. Todos dançando levam para o quarto de obaluae, onde os vasilhames ficarão até a hora de seus despachos.

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